Hazamat

Última Noite

Entre ruas e vielas sujas
Ele segue o seu compasso
Apressa o passo e ao pensar na vida
Saca logo um novo maço

A luz vermelha, o perfume barato
E um sorriso falso como tem que ser
São tantas delas perfiladas
Como porra ele vai escolher?

No quarto, qualquer puta, pura ilusão
Ele, inconsciente, reticente, já nem sente o chão
(No final) outra noite, outro rumo, outra vez
(Afinal)quem falou que isso é o fim?

Entre mesas de bilhar imundas
Prosa sobre sua rotina
O rabo-de-saia da raimunda
O velho dominó lá na esquina

Depois do jogo vem a cantoria
Uma viola empresta um tom a dor
O do bigode mostra valentia
"Baixa esse revólver, faz favor"
A bala rasga a pele, leve, de raspão
Ele, encurralado, confrontado pela indagação
(No final) foi-se a noite, vai-se a vida, dessa vez?
(Afinal)será que isso é o fim?